segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Interdisciplinaridade: aspectos positivos, riscos e perigos



Geralmente quando se pensa ou fala de disciplina, principalmente na instituição escolar, esta vem carregada de sentido negativo. Porém segundo Fourez (2002) as disciplinas são extremamente importantes e fazem parte do patrimônio da humanidade. “Um tanto tolo seria quem advogasse pelo abandono do ensino destas abordagens “disciplinares” (FOUREZ, 2002, pag. 2). Mas, conforme o autor há um único inconveniente, as abordagens disciplinares trazem consigo representações e interpretações sempre parciais em relação a uma determinada situação. As respostas são limitadas.
Nesse contexto surge a interdisciplinaridade que é a contribuição de várias disciplinas no sentido de buscar respostas sob pontos de vista diferentes para a construção de uma representação de uma situação.
Analisando sob a ótica da instituição escolar muitos são os aspectos positivos trazidos pela interdisciplinaridade, como também riscos e perigos.
Aspectos positivos:
·    O ensino e a aprendizagem fundamentados na pesquisa;
·    A possibilidade de construir um projeto coletivo;
·    Caminho para qualificar a formação do sujeito, tendo em vista a integração dos conhecimentos, saberes e valores;
·    Legitimação e valorização do conhecimento do aluno;
·    Desmistificação da hierarquia das disciplinas.
            Riscos e perigos:
·      Repetir o reducionismo e a fragmentação dos conhecimentos;
·      Tornar o conhecimento descontextualizado;
·      Desgastar o conhecimento ao “forçar” o trabalho com um determinado tema.

Mesmo diante de vários aspectos positivos da interdisciplinaridade, e de profissionais que querem e lutam pela mudança na Educação, encontramos ainda nas escolas algumas dificuldades para implementá-la:
·      Conhecimento sobre como diversificar as metodologias e como trabalhar de maneira integrada;
·     Tempo e espaço adequado para o planejamento coletivo e para o registro e elaboração do Projeto Político Pedagógico;
·      Construção e reorganização dos espaços físicos;
·      Equipe pedagógica atuante na coordenação dos trabalhos;
·      Recursos tecnológicos, especialmente computadores e internet.
·      E, principalmente o querer fazer e mudar por parte de alguns profissionais da Educação.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Conhecimento Escolar


Compreender o que é conhecimento escolar, onde e como é produzido, quem o produz, o que o caracteriza, são questionamentos importantes que os professores precisam fazer, pois  a visão/concepção de conhecimento escolar, bem como de conhecimento relevante e significativo é fundamental na construção do Projeto Político Pedagógico.

Entender que os conhecimentos escolares provém segundo Candau e Moreira (2007) de saberes e conhecimentos produzidos nos chamados “âmbitos de referência” e que isso inclui os conhecimentos produzidos nas universidades, nos centros de pesquisa, no mundo do trabalho, no campo tecnológico, do trabalho, da saúde, do esporte, da cultura, dos movimentos sociais...é necessário para compreender que esses conhecimentos passam por várias transformações até chegarem a compor o currículo formal.

Saber que os conhecimentos escolares sofrem processos de descontextualização, subordinação, avaliação, recontextualização e efeitos de relações de poder, é importante para repensar por quê determinados conhecimentos não estão contemplados no currículo, pois assim como é necessário o conhecimento científico, também é o conhecimento cotidiano, os saberes populares, a cultura lúdica, a experiência social; por quê algumas disciplinas/conteúdos são consideradas mais importantes do que outras; por quê os conflitos e interesses presentes no processo de produção do conhecimento não aparecem.

No município de São José a proposta de Educação Integral está centrada nas Artes e Mídias. Trazer estas duas áreas como as norteadoras do trabalho pedagógico é descristalizar a hierarquização do conhecimento escolar. É abrir espaço para a produção artística e tecnológica e trazer a tona a relação pensamento e sensibilidade. Assim como, a inclusão da dança, xadrez, música, pintura, capoeira, esporte, valorizou os saberes referentes às artes e ao corpo.

Ainda é um desafio a seleção e inclusão de conhecimentos relevantes e significativos no currículo pensando numa formação que contribua para que os sujeitos se tornem autônomos, críticos e criativos, como também a inclusão de conteúdos culturais dos grupos sociais historicamente marginalizados.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Categorias das teorias pós-estruturalistas de currículo (etnia, gênero, multiculturalismo, diferença, identidade...) desafios para a escola integral.

Segundo Tomaz Tadeu da Silva (2002), o processo de reprodução das desigualdades sociais não se dá somente pela dinâmica de classe, mas também pelas questões de etnia, raça, gênero, identidade, diferença, entre outros.

Ao observar e ler algumas propostas curriculares e principalmente o planejamento de professores percebe-se que os conteúdos são cópias dos livros didáticos e o que prevalece são as culturas hegemônicas. Infelizmente ainda muitos professores não se colocam como agentes curriculares, suas vozes estão ausentes. Como ressalta Santomé (1998) os professores atuais são frutos de uma formação cuja preocupação era com a elaboração dos objetivos e metodologias, não havia espaço para discussão e seleção dos conteúdos, os responsáveis por isto eram e ainda são as editoras, as Secretarias de Educação.

Talvez essa questão histórica seja um dos motivos pelo qual é tão difícil pensar e incluir no currículo conteúdos sobre gênero, diferença, etnia, sexualidade... Quando um destes temas aparece fica  marcado e estagnado em datas específicas (Dia do Índio, Dia da Criança, Dia da Mulher, Dia da Consciência Negra, Dia do Idoso...). As datas comemorativas ainda estão muito presentes nos planejamentos dos professores.

Pensar no currículo da Educação Integral é pensar em todas essas questões que as teorias pós-estruturalistas nos trazem. Não será uma tarefa fácil porque ainda é muito distante o discurso com a realidade da prática pedagógica, não só na Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio, mas principalmente na formação inicial dos professores.

Mesmo diante de tal desafio os profissionais da educação precisam assumir seu papel de agente curricular, e trazer para discussão a cultura racista, machista, cristã, heterossexual, eurocêntrica presente nas propostas curriculares e nos seus planejamentos. Pensar num currículo que inclua, conforme Santomé (1998) os conteúdos culturais, não de forma simples, informativa e com dias marcados, e que possibilite uma reflexão histórica sobre aspectos culturais e experiências de povos e grupos marginalizados, que vem sofrendo processos de rejeição ou silenciamento por sua condição.

sábado, 19 de maio de 2012

O lugar dos agentes curriculares


Todos somos agentes curriculares: órgãos internacionais, governo federal, estadual, municipal, escola, professores, pais...Mas nem todos têm o mesmo nível de participação ao pensar o currículo. O que acaba prevalecendo é o currículo prescrito pelos governos.
Educadores como Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro, Fernando Azevedo, Lourenço Filho, entre outros que fizeram e fazem parte da história da educação brasileira, que buscaram e buscam a reconstrução do sistema educacional, agentes curriculares que descontentes com a forma como a escola está organizada, propuseram uma outra concepção de escola. E esse movimento tem corpo - Educação Integral.
Olhando para a história da educação integral, a falta de investimento e as mudanças políticas partidárias, trouxeram limitações para a sua implantação, o que não é muito diferente dos dias atuais.
Mesmo com alguns obstáculos, temos a oportunidade de pensar o currículo da educação integral, e fazer valer o lugar de agente curricular. Tarefa nem um pouco fácil, mas fundamental! 
Momento de ressignificar os espaços, tempos e saberes, pensando o sujeito na sua totalidade.

domingo, 13 de maio de 2012

Política Curricular para a Educação Básica e a Educação Integral


Política curricular – o próprio nome conceitua o currículo como uma política, e não como algo neutro, porque há nele uma intencionalidade, ações pensadas por agentes curriculares com interesses próprios e que vão possibilitar a sua materialização.
A política curricular brasileira em vigor para educação básica prescreve o regime de colaboração entre os entes federados, para que todos compartilhem dos mesmos objetivos, que é garantir as dimensões do cuidar e educar, e a escola de qualidade social, com centralidade no educando e na sua aprendizagem, enquanto função social da escola.
Para conquista da qualidade social prevê a democratização do ensino, com pleno acesso, permanência, inclusão e conclusão, com redução da evasão, da repetência e conseqüente da distorção idade/série; valorização das diferenças sociais e culturais; foco no Projeto Político Pedagógico; ampliação da jornada escolar; ressignificação dos espaços e tempos educativos.
Uma política que traz uma concepção ampliada de gestão democrática com base no regime de colaboração o que propõe uma integração entre os diversos setores, trazendo o conceito de intersetorialidade.
Política que define a Educação Básica como um conjunto orgânico, sequencial e articulado, porém a educação brasileira não se apresenta conforme esta definição e é altamente reguladora. Entre uma etapa e outra há rupturas, os sistemas de ensino, as escolas, os professores não dialogam.
A política que norteia a Educação Básica e seus princípios são os mesmos para a Educação Integral.
Pensar a Educação Integral é ir além da ampliação do tempo, é pensar na organização curricular, ou seja, é pensar nos saberes, espaços, tempos e sujeitos que o compõe. É pensar o espaço dentro e fora da escola, nas parcerias com outras instituições, sem perder de vista o caráter pedagógico.
A implantação da Educação Integral no município de São José está ocorrendo de forma processual, primeiramente com três escolas e com as turmas de 1º, 2º e 3º anos. Há uma constante preocupação com a organização curricular, para que a mesma não caia na fragmentação do tempo, do espaço, do conhecimento, e consequentemente a fragmentação do sujeito.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Currículo em Movimento é um blog criado a partir do curso Especialização em Educação Integral, na disciplina Currículo e Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Integral. Tem a finalidade de socializar conhecimentos em relação  a temas voltados a Educação, principalmente no que diz respeito a Currículo e Educação Integral.